Sonhar Não Custa Nada ou Quase Nada?
Horizontes do Desfile das Escolas de Samba do Rio de
Janeiro
UERJ – Campus
Maracanã
Auditório 113 - 11º andar
Auditório 113 - 11º andar
24 e 25 de junho de 2015
A proposta deste seminário é colocar em
discussão os horizontes que, hoje, estão abertos para o Desfile das Escolas de
Samba do Rio de Janeiro, ao constituir o campo do entretenimento global.
Portanto, a meta de montar painéis, reunindo quem faz, estuda, comenta e divulga esse grande evento, obedece ao objetivo de mapear possibilidades e
gargalos nos planos estético (plástico-visual e musical-percussivo),
organizacional e financeiro dessa festa-espetáculo apta a materializar em suas
formas artísticas “sonhos”.
Sonhos estes que são tantos e difusos desejos
catalisados em valores compartilhados mediante representações que circulam pelo
mundo em sons e imagens. Logo, este seminário é animado por três perguntas: Do que se trata um evento lúdico-artístico no qual os sonhos
adquirem expressividade pública para audiências cada vez mais amplas? Como se
materializam sonhos no Desfile das Escolas de Samba? Sob quais condições
organizacionais, materiais e simbólicas, atualmente, tais materializações são
possíveis?
Ora, nenhuma das cabeças que conceberam o
primeiro torneio oficial entre as escolas de samba, realizado em 1932, na Praça
XI, imaginou que estavam dando partida a um evento que se tornaria o
protagonista das comemorações carnavalescas e do calendário festivo no Rio de
Janeiro, além de se impor com um ícone carioca e brasileiro, com forte
repercussão internacional. Ao longo desses mais de oitenta anos, o Desfile se
confundiu tanto com a imagem quanto com os destinos da cidade que, de capital
do país e da brasilidade, definiu-se um importante destino turístico
latino-americano e polo de produção audiovisual. No mesmo compasso, da reunião
lúdica, agregando diferentes comunidades cariocas situadas em áreas periféricas
e favelas, mediante os efeitos musicais e percussivos do samba, as
apresentações das escolas consagraram a extraordinária capacidade associativa
dessas instituições recreativas de atrair públicos tão heterogêneos e sempre
maiores para suas fileiras internas e/ou à plateia.
Deste modo, anônimos oriundos das classes médias se juntaram a celebridades para compor diferentes alas ou tomar posições de destaques entre os desfilantes. Respaldados pelos recursos fornecidos por novos ricos, outros membros das classes médias se integraram às administrações das escolas de samba ou das entidades responsáveis que as representam. Sobretudo, artistas e intelectuais se engajam no curso das alterações estéticas que levaram o desfile a se firmar entre os mais prestigiados espetáculos populares audiovisuais contemporâneos. De posse desse status, na contrapartida das relações estabelecidas com os interesses estatais e do mercado de bens simbólicos e da cultura das mídias, o evento das principais escolas de samba do Rio de Janeiro se inscreve no concorrido circuito globalizado do entretenimento.
Deste modo, anônimos oriundos das classes médias se juntaram a celebridades para compor diferentes alas ou tomar posições de destaques entre os desfilantes. Respaldados pelos recursos fornecidos por novos ricos, outros membros das classes médias se integraram às administrações das escolas de samba ou das entidades responsáveis que as representam. Sobretudo, artistas e intelectuais se engajam no curso das alterações estéticas que levaram o desfile a se firmar entre os mais prestigiados espetáculos populares audiovisuais contemporâneos. De posse desse status, na contrapartida das relações estabelecidas com os interesses estatais e do mercado de bens simbólicos e da cultura das mídias, o evento das principais escolas de samba do Rio de Janeiro se inscreve no concorrido circuito globalizado do entretenimento.
Como uma específica forma sociocultural, o
entretenimento tem por núcleo moral um sentido de vida fundado na centralidade
conferida à diversão, a passagem do tempo como experiência hedonista. Mas este
apelo ao volátil, múltiplo e diverso contracena com o protocolo institucional
em que a ecologia sociotécnica das mídias e o perfil de negócios da produção e
consumo de bens simbólicos são indissociáveis dos trânsitos planetários de
signos e saberes. Neste contexto, quais caminhos conduziram o Desfile das
Escolas de Samba do Rio de Janeiro para o espaço sociocultural do
entretenimento? E o que decorre dessa participação?
Tendo como ponto de partida essas questões, o
seminário está organizado em quatro grandes painéis objetivados nas quatro
respectivas mesas redondas:
1) A arquitetura dos Sonhos – Reunindo
representantes de quatro diferentes gerações do mesmo ofício de carnavalesco, o
objetivo é discutir tanto o lugar de gênero de artista no sistema do Desfile,
quanto às alterações nos problemas de natureza dramatúrgica e plástico-visual, enfrentados
por esses profissionais no curso das transformações experimentadas pelo evento;
2) O Som, o Corpo e o Sonho – Nesta mesa, com a
participação de quatro representantes dos responsáveis pela dimensão musical,
percussiva e da comissão de frente do Desfile, a tônica estará depositada no
debate a respeito dos efeitos de distintas ordens nos limites e liberdades de
criação sobre a musicalidade e corporeidade própria ao evento;
3) Reflexões sobre o Espetáculo e os Sonhos – O propósito é escutar diferentes vozes da academia sobre o status de espetáculo popular ostentado
pelo Desfile das Escolas de Samba, em suas implicações estéticas, econômicas e
sociopolíticas.
4) Fazendo Sonhos, Tecendo Mundos Artísticos – A expectativa, nesta
mesa, é refletir sobre os diálogos existentes entre o carnaval das escolas de
samba e outros domínios artísticos, além de chamar a atenção para temas envolvendo as
mútuas influências nos respectivos fazeres, mas também às sínteses, aos
hibridismos que figuram contornos próprios a cultura urbana carioca
contemporânea.
O Seminário Sonhar Não Custa Nada ou Quase
Nada? Horizontes do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro é
uma promoção conjunta dos Programas de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e de Sociologia da Universidade de
Brasília, pelo convênio acadêmico estabelecido entre os Grupos de Pesquisa Ilè
Obà Òyó (UERJ) e Cultura, Memória e Desenvolvimento (CMD/UnB).
Coordenação:
Profº Dr. Edson Farias
- Pesquisador
do CNPq, professor da Universidade de Brasília. Mestre e Doutor em Sociologia
pela Universidade Estadual de Campinas.
Profº
Ms. André Porfiro
- Professor do Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
Mestre em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e
Doutorando em Educação pela UERJ.